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Crítica de quem já viveu espanta quem não conhece
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 29/10/2024 - 08:00
O fim na contramão do começo.
Será que depois que uma relação acaba não devemos nos preocupar com a impressão que deixamos no outro?
Claro que relacionamentos que chegam ao fim, nem sempre de forma civilizada, deixam boas recordações. O que se guarda do outro é rancor, mágoa, decepção, muitas vezes a traição é tido como o ato imperdoável cometido pelo outro.
Ao se recordar ou se referir ao outro, aquele que abandonamos ou fomos abandonados, temos uma distorção da realidade. Nossa visão é parcial, distante às vezes do bom-senso, da ponderação, da consideração que tem o outro lado, a outra versão.
Na saída conflituosa de um vínculo afetivo ou profissional, se difama, ao se falar do relacionamento conflituoso, toda a culpa recai sobre o outro, o culpado de todos os males.
Por isso, nem sempre, o que passou, passou.
Há quem afirme aos quatro cantos que “águas passadas não movem moinhos”. Esta frase tem sua coerência, mas não é de toda justa. Se não vivemos do passado, ele pode deixar o nosso caminho tortuoso.
Relacionamentos que se romperam deixam memórias vivas. Pessoas que guardam dentro de si sentimentos e ressentimentos de experiências vividas. Seres humanos que podem fazer disso uma recordação dolorosa que desejam compartilhar.
Expor o outro a vergonha pública sempre foi uma forma de vingança na história das relações humanas. Você deve ter ouvido falar, visto filmes, presenciado até, seres tomados por desejo de vingança, com ódio, que expõe a intimidade daquele que é seu desafeto publicamente.
A mulher traída que joga as roupas do marido adúltero na calçada e grita aos “quatro cantos” os atos obscenos daquele que foi seu parceiro. O marido traído que pega a esposa com seu amante no motel, filma e publica a traição.
Quantas publicações na internet expõem pessoas e mancham a vida de um ser humano por um ato de ódio de alguém com quem esta mesma pessoa teve um relacionamento. Eu mesmo já vi a vida de muitas alunas minhas serem expostas nas redes sociais por ex-namorados enciumados.
No ambiente profissional não é diferente.
Mas, as coisas não ocorrem somente na vida privada, pessoal. Estas experiências se expandem para a vida profissional. O ambiente de trabalho também é local de construção do ódio e do rancor.
Observe que empresas são difamadas por ex-colaboradores. Muitas pessoas saem de uma empresa e criticam abertamente o ambiente de trabalho, seus ex-gestores. Há, inclusive, sites especializados na avaliação de experiências profissionais nas empresas, e lá, tem muitos que soltam literalmente o verbo.
Mas, até que ponto a crítica tem fundamento? Até onde, aqueles que descrevem um ambiente negativo em uma empresa merecem crédito?
A melhor resposta está nas avaliações constantes e com o mesmo foco, que apresentam as mesmas críticas, que demonstram problemas crônicos.
Se você, ao decidir comprar ou não um produto, em um determinado site, costuma consultar a opinião dos consumidores, a avaliação das pessoas em relação ao produto ou a empresa, a mesma coisa acontece com a experiência profissional.
Por isso, o começo bom tem que ter um mesmo fim.
Por isso, devemos nos preocupar com o que as pessoas vão levar de experiência conosco. Principalmente se a experiência ruim tem relação direta com nossas falhas, com nossos erros, com nosso comportamento nocivo.
Gestores de empresas costumam desprezar o sentimento ou impressão que deixam nas pessoas que estão se desligando, não deveriam. Estas pessoas têm uma vida que corre além do lugar onde trabalharam. Elas levam consigo suas experiências e seguem uma vida profissional que não se sabe onde vai dar.
Muitos dos caminhos feitos por profissionais podem cruzar com uma empresa que já trabalhou, com as pessoas com quem já conviveram, e este encontro pode ser a oportunidade de descarregar todo o sentimento negativo.
Por isso, da mesma forma que somos encantadores para as pessoas quando queremos colocá-las em nossas vidas, seja na pessoal ou profissional, temos que saber dizer adeus, romper, com a mesma cordialidade.
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