Opinião
Condomínio: o desafio de viver e conviver
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 29/01/2025 - 08:00
Vizinho, aliado ou inimigo?
O vizinho pode ser um grande amigo ou seu principal inimigo. E, o engraçado, o quanto mais próximo o vizinho está, o limite entre a intimidade e a invasão são tênues. Se você mora em um condomínio, mais do que ninguém, sabe do que estou falando.
Os conflitos se multiplicam na medida em que a convivência entre os opostos é inevitável. Não há como fugir do encontro na escada, no elevador, na portaria, nas áreas comuns do edifício. E o que encontramos nem sempre é o que desejamos. O vizinho é inesperado e, em alguns casos, isto é um problema.
O vizinho não é escolha na maioria dos casos, em alguns momentos é a condição das possibilidades que temos. Esta condição de convívio nem sempre harmoniosa é chamada por alguns de destino e, para outros, de “sorte” ou “azar”.
No espaço público, comum, coletivo, somos obrigados a vivenciar, nos relacionar e conviver. E a grande questão é, até onde podemos ou devemos tolerar?
Os conflitos existem e são inevitáveis. Neste ambiente, até onde devemos ir com os conflitos de interesse e valores dentro de um ambiente condominial, ou seja, coletivo? Neste mundo não estamos sós, porém, até onde vai a tolerância, a resiliência?
Na vida nos condomínios, o principal motor dos conflitos é que o espaço público e o privado se confundem por estarem muito próximos. O quintal é quase sempre campo comum. Os ambientes de lazer são compartilhados e o privado é somente da porta para dentro. Circulamos o tempo todo entre o que é o meu e o dos outros.
Entre o público e o privado.
O outro, o vizinho, está na parede ao lado. Os efeitos de sua vida privada às vezes são percebidos por ruídos. Muitas vezes o comportamento pessoal vira assunto da convivência das pessoas dentro do ambiente social do condomínio.
Não por acaso, os principais conflitos nas reuniões da coletividade que divide um mesmo prédio demonstram o desejo que se tem de que todos fossem iguais. Para a maioria dos moradores se queria um perfil padrão de seres que habitassem o mesmo lugar. Há aí uma outra questão, “quantos suportam olhar para si mesmo todos os dias?”
É também, o condomínio, um exercício de democracia, de respeito. De saber que o outro é diferente, na proporção que somos diferentes para ele também. Uma educação necessária de respeito às diferenças. Esta deve ser a tônica, o princípio, o valor fundamental dos condomínios.
E a ética, onde fica?
As pessoas devem receber estímulo, orientação e, até mesmo, treinamento para conviver com quem não lhe é espelho. Compreender que a condição do outro não é escolha e não deve ser medida para que seja julgado e condenado pelas nossas, já que elas são diferentes.
Ética dentro dos condomínios é compreender que o valor maior é a preservação da convivência entre os membros daquele espaço, da melhor forma. Saber que a privacidade é um direito reservado para o espaço pessoal e que o respeito à diferença está no comportamento esperado por todos sem ferir a condição e característica de cada um.
Logo, um condomínio não tem dono, mas é feito de inúmeras privacidades distintas. Assim como a vida em sociedade, que muitos insistem em impor um olhar restrito, é a possibilidade do convívio com as diferenças, respeitando a vida e os valores de todos e de cada um.
Notícias da mesma editoria
Opinião
Opinião
Opinião
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade