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Cinco anos da morte de Magó: luto, luta e arte
Podcast por Brenda Caramaschi em 24/01/2025 - 08:05Cinco anos se passaram desde que a bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, de 25 anos, foi violentada e assassinada por asfixia em uma cachoeira de Mandaguari, onde tinha ido acampar, se conectar com a natureza e ter um momento espiritual. Magó, como era chamada pelos amigos e a família, era professora de capoeira e balé, tinha a força de um corpo atlético, mas não resistiu à violência que sofreu. O corpo foi encontrado cerca de dez horas depois do homicídio, com marcas roxas nos braços, ombro e cintura. O laudo do IML descreveu que Maria Glória lutou para se defender.
A jovem teve contato com um grupo de brigadistas que faziam treinamento no local. Esses brigadistas notaram, no fim da tarde de sábado do dia 25 de janeiro de 2020, que Maria Glória não tinha voltado da cachoeira e decidiram procurá-la. Mas foi a irmã de Maria Glória, Ana Clara, quem encontrou o corpo, no dia seguinte, em uma trilha.
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Flávio Campana foi preso 40 dias depois, acusado de ser o autor do crime de repercussão nacional, mas ainda não tem data para ir a julgamento. Ele estava na mesma chácara que Maria Glória, no mesmo fim de semana, e foi identificado como suspeito de envolvimento no caso após a polícia ter acesso a uma foto em que ele aparecia e se destacava uma tatuagem. Primeiro, Campana negou que tivesse visto Magó no local, mas depois, material genético dele foi encontrado na roupa íntima e no corpo de Maria Glória. Ele alegou que fez sexo consensual com Magó e negou o homicídio.
Durante o interrogatório no Fórum de Mandaguari, após a prisão, ele ficou em silêncio. Campana é réu por feminicídio, estupro e ocultação de cadáver. Uma testemunha do processo acusa o homem de tê-la estuprado quando ela tinha seis anos de idade. o suspeito já foi condenado por estupro em 1998 e tem várias passagens por agressão as mulheres. A expectativa da família de Magó é que o acusado vá a júri popular, como explica o advogado Israel Batista de Moura.
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Maria Glória foi eternizada na cidade onde vivia - na Praça de Todos os Santos, na Avenida Cerro Azul, em Maringá, o Teatro Reviver foi renomeado como Reviver Magó - foi ali que a bailarina se apresentou pela última vez ao lado da irmã. Em frente ao teatro, a escultura chamada Arte Madeixas de Magó, foi doada pelo artista Paolo Ridolfi, simbolizando seus cachos ruivos e livres que se tornaram símbolo de luta e resistência contra o feminicídio.
Maurício Borges, pai de Magó se tornou ativista no combate à violência contra a mulher após morte da filha. Ele morreu depois de sofrer um acidente, também em Mandaguari, aos 59 anos. Após a morte de Maurício, a esposa Daísa e a filha Ana Clara, mãe e irmã de Maria Glória, seguiram a luta, com a difícil missão de transformar dor e luto em busca por justiça e conscientização. A dor da perda abrupta e brutal não foi embora, mas virou combustível que dá força durante a espera. Ana, que passou a vida dançando ao lado da irmã, dando os primeiros passos na vida artística na academia de dança da mãe, usou a arte para ajudar a superar a saudade da companhia constante de Magó - cujo apelido foi ela quem deu. Ao lago de Maria Glória, Ana se apresentava por várias cidades do Brasil e de outros países e, homenageando a irmã que se foi, ela decidiu continuar, carregando consigo, no palco, a história poética de duas irmãs separadas pela violência, com o premiado espetáculo Amana.
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Como parte desta luta no fim de semana, o espetáculo será apresentado no Centro de Convenções Dr. Décio Bacelar, em Mandaguari, às 20h. Antes, pela manhã, uma passeata sairá da Praça Independência até a Praça Bom Pastor, também em Mandaguari. A concentração começs às 9h.Em Maringá também haverá um ato para marcar os cinco anos do assassinato de Magó. Será uma caminhada da Praça da Catedral, a partir das 9h, até o Teatro Reviver Magó, onde haverá apresentações artísticas.
Os atos deste fim de semana são um clamor de justiça por ela e por todas aquelas que perderam a vida ou sofreram violência simplesmente por serem mulheres. Este é mais uma das muitas mobilizações realizadas pela família desde a data do crime. Além de peça de teatro, a vida, morte e busca por justiça por Magó virou documentário e símbolo de combate ao feminicídio. A mãe da bailarina, Daísa Poltronieri, diz que a iniciativa de transformar a dor do luto em luta ajudou a trazer visibilidade sobre o tema
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Para a irmã de Magó, Ana Clara Poltronieri Borges, cada passeata, cada apresentação, cada ato, é tudo parte de um grande clamor por justiça para que o caso não seja esquecido.
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