Analfabetos também são internautas
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Analfabetos também são internautas

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 05/02/2020 - 08:53

Um levantamento sobre o analfabetismo no Brasil, o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), mostra que 30% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Não sabem compreender um texto e até mesmo certas palavras. Tem dificuldade de detectar uma ironia e de fazer operações matemáticas, mesmo que básicas.

Estes analfabetos tem diminuído, mas ainda são muitos. Os que tem pleno domínio da língua portuguesa, os chamados proficientes, são 12%. A grande maioria está entre o analfabeto funcional e o domínio elementar. E não se espante, os mais jovens dominam esta população. 

Mesmo com todas as limitações da língua, os analfabetos funcionais frequentam as redes sociais. O Whatsapp é a ferramenta mais usada, 86% tem uma página. Já o Facebook é a rede social de 72%. Enquanto isso o Instagram tem 31%.

O levantamento também mostra que mesmo usando os analfabetos funcionais comentam pouco, postam pouco e curte pouco. Estas ações não passam de 12, 14 e 13% respectivamente. Diferente dos proficientes que mais de 40% usam de forma plena as redes sociais, o Facebook em especial. Quanto mais instrução, inclusive, esta é a rede preferida.

O assustador de tudo isso é que 64% dos brasileiros estão entre os que podem se chamar analfabetos ou elementares em relação à língua portuguesa. Estão por aí, lendo mal, comentando de forma limitada, emitindo opinião e educando ou deseducando muita gente. 

No dia a dia é que nossa formação pode nos salvar ou nos condenar. Levar a uma construção mais aprimorada de nossa forma de compreensão da vida ou a uma reação quase instintiva diante de certas situações. Grande parte das pessoas usam do conhecimento que tem e da capacidade de entendimento para poder tomar uma decisão. 

Logo, estamos diante de um perigo que se alastra silencioso e pode deixar sem interlocutor os que têm melhor compreensão da realidade em detrimento da expansão da limitação de raciocínio e civilidade. Claro que não estamos generalizando que todo o analfabeto funcional é um ser instintivo e imediatista, a experiência de vida conta, e muito. Mas que a formação qualitativa dá a uma boa intenção uma gama boa de opções a mais, isto é fato.

Hoje a rede pública estadual tem o retorno a sala de aula. Uma boa notícia nem sempre recebida desta forma pelos alunos. Para uma parte dos pais um alívio para se livrar da presença dos filhos em casa. A escola é para muitos um depósito de pessoas ou uma forma de ocupação. Para alguns alunos se assemelha a um presídio. Porém, a pior prisão é a incapacidade de compreender mensagens e se comunicar, estar preso aos próprios limites e ignorância.

 

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