Olá, pessoal, nossa máquina do tempo está ancorada hoje em 1964. Vou narrar para vocês como ocorreu a eleição do prefeito Luiz de Carvalho.
Eleito em uma disputa acirrada em 1960, o prefeito João Paulino Vieira Filho chegou a 1964 com a avaliação em alta e com a liderança política consolidada. Em 1962, por exemplo, havia lançado um desafio à cidade: se a população não votasse em seus candidatos a deputado, renunciaria ao cargo de prefeito. Não foi preciso. Seu apelo foi ouvido e seus candidatos foram eleitos. No caso, o deputado estadual Tulio Vargas e o deputado federal Renato Celidônio.
O grande rival de João Paulino na liderança política da cidade era o deputado estadual Haroldo Leon Peres, chefe político da UDN.
Em 1964, o prefeito João Paulino arregaçou as mangas para fazer o seu sucessor. Ele ungiu o médico e vereador Luiz de Carvalho com seu apoio. O líder empresarial Ivo Assman compôs a chapa como vice-prefeito. Luiz de Carvalho vinha de dois mandatos bem avaliados como vereador e tinha vida política própria. Com o apoio do prefeito, sua candidatura se tornou muito forte. Além de pedir votos, João Paulino articulou uma amplíssima coligação partidária e isolou a UDN. Na prática, eram todos os partidos contra a candidatura da UDN.
O candidato da UDN foi o advogado Adriano Valente. Em 1960, Valente havia sido cotado para ser candidato a prefeito, mas aguardou a sua vez, que chegou em 1964. O candidato a vice foi o médico e vereador Jorge Sato. Apesar do seu prestígio pessoal e do eleitorado cativo de sua legenda, Adriano Valente enfrentou a ampla aliança de forças articulada pelo prefeito João Paulino para sustentar a candidatura de Luiz de Carvalho.
No final, Luiz de Carvalho venceu com 57% dos votos.
Adriano Valente lamentou que seu partido tenha decidido não fazer alianças, essa a razão de sua derrota. Por sua vez, Luiz de Carvalho avaliou que, sem as amplas alianças, ele teria perdido a eleição.
O tempero da campanha foi garantido pela instrumentalização de uma frase desastrada de Haroldo Leon Peres
Quando a campanha estava em fase de aquecimento, o deputado Tulio Vargas, aliado do prefeito João Paulino e apoiador de Luiz de Carvalho, criticou Leon Peres.
Como escreveu o grande cronista Antônio Augusto de Assis, para diminuir a importância de Tulio Vargas, Leon Peres desdenhou e disse: ‘não vou perder tempo com lambari ...quero falar mesmo é com os tubarões”.
Leon Peres se dirigia a Tulio Vargas, mas os estrategistas da campanha de Luiz de Carvalho não desperdiçaram a chance e incorporaram o Lambari como o símbolo da campanha.
Para cimentar a identificação com o povão, eles diziam: “Nós, os lambaris, os homens simples do povo, fomos insultados pelo dr. Haroldo, mas vamos dar o troco nas urnas”.
Muitos anos depois, o prefeito eleito se lembrou com emoção da vitória: “o resultado foi que lambarizada votou no Luiz de Carvalho. Esse foi um lema que valeu mesmo”.