Vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral
A semana na História

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Vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral

A semana na História por Reginaldo Dias em 13/01/2025 - 11:50

Em 15 de janeiro de 1985, há exatos 40 anos, Tancredo Neves foi eleito presidente da República. Aquela foi uma eleição diferente e de grande significado histórico, visto que representou o fim da ditadura militar, instituída a partir do golpe de Estado de 1964. 

Nos 21 anos de ditadura, o povo brasileiro não pôde eleger diretamente seu presidente. Ao tomarem o poder, os militares instituíram um sistema político baseado em eleições indiretas aos principais cargos, como prefeitos das capitais, governadores de Estado e presidente da República. Quem votava para presidente era um Colégio Eleitoral controlado pelo governo militar. Por isso, todos os presidentes da República do período foram generais.
No entanto, desde a metade da década de 1970, utilizando as frestas do sistema político, que franqueava eleições para deputados e senadores, a insatisfação popular era verificada nas urnas. No final da década, instituiu-se uma agenda de abertura política e redemocratização do país.

Nos primeiros anos da década de 1980, acentuando uma crise iniciada nos anos anteriores, a situação econômica do país era de insolvência. Havia a combinação de três fatores desastrosos: inflação de mais de 100% ao ano, chegando a 200 % em 1983; recessão; e estrangulamento da economia por causa da explosão da dívida externa. Nos 21 anos do regime militar, a dívida externa foi multiplicada por 40, saindo de 3 bilhões para 120 bilhões de dólares. A gravidade da crise social e econômica exigia soluções políticas e governantes legitimados pelo voto popular.

A pressão da sociedade permitiu o retorno das eleições diretas para governador em 1982. O próximo passo era reivindicar as eleições diretas para presidente. Em 1984, o país foi palco de ampla mobilização de ruas pela campanha diretas-já para presidente. Apesar da multidão nas ruas, o governo militar tinha controle do congresso Nacional, impedindo que a emenda constitucional obtivesse o número de votos necessários. Com isso, a sucessão presidencial ocorreria, mais uma vez, pelo sistema do voto indireto, no colégio eleitoral controlado pelo governo.

Que fazer? Pragmaticamente, os líderes do PMDB articularam uma estratégia para derrotar o candidato do governo no próprio campo de jogo dele, ou seja, no colégio eleitoral. A única condição para ter sucesso era dividir a base governista. Em parte porque o barco governista estava afundando na tempestade da crise econômica, em parte porque o candidato ungido não unificou a base governista, a operação de atrair dissidentes foi bem-sucedida. Houve uma evasão de dezenas de líderes, que vieram a formar o Partido da Frente liberal.

Alçado à condição de candidato a presidente da República pela oposição, Tancredo Neves teve como companheiro de chapa José Sarney, um dissidente que renunciou à presidência do PDS, o partido do governo, para ingressar na chapa oposicionista.
Em janeiro de 1985, quando o colégio eleitoral se reuniu para sufragar o nome do novo presidente, a aliança comandada por Tancredo Neves obteve 480 votos, enquanto Paulo Maluf, o candidato governista, recebeu 180 votos.

Entretanto, por uma fatalidade, Tancredo Neves foi internado na véspera da posse e veio a falecer em 21 de abril de 1985. O vice-presidente José Sarney tomou posse em 15 de março e substituiu Tancredo Neves em definitivo após seu falecimento.

Seja como for, chegava ao fim a ditadura militar, deixando o país em grave crise econômica, social e política.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50

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