Olá, pessoal, hoje nossa máquina do tempo nos leva a 1996. Vou narrar como Jairo Gianoto foi eleito prefeito de Maringá, hasteando a bandeira da paz política.
Em 1996, nove candidatos se apresentaram para disputar a prefeitura. A partir do resultado das urnas, é possível dividir o elenco em três blocos.
Um bloco foi composto por quatro candidatos que chegaram ao final com votação aproximada de 1%: o Engenheiro Antônio Picoli (PV), o ex-deputado Nilton Servo (PAN), o empresário Ary Jacomossi (PL) e Assendino Santana (PRP).
O segundo bloco incorporou o candidato do PT, o advogado José Claudio, e o médico e vereador Antônio Carlos Pupulin (PMDB), que obtiveram cerca de 8%.
No bloco de cima, situaram-se os três candidatos que, efetivamente, disputaram a cadeira do prefeito.
Depois da promissora campanha a prefeito de 1992, o promotor de Justiça Joel Coimbra foi eleito deputado estadual. Em 1996, novamente candidato pelo PDT, era tido como um dos favoritos a suceder o prefeito. A pedido do governador Jaime Lerner, o prefeito Said Ferreira apoiou Joel Coimbra.
O grupo do deputado federal Ricardo Barros apresentou, pela legenda do PFL, a candidatura do engenheiro Silvio Barros. Por fim, o empresário e secretário municipal Jairo Gianoto foi o candidato do PSDB.
Na primeira metade da campanha, Joel Coimbra largou na frente, seguido por Silvio Barros. Parecia que a campanha seria decidida pela disputa dos candidatos apoiados pelos dois últimos prefeitos, Said Ferreira e Ricardo Barros.
Não foi isso, porém, o que ocorreu. Articulando um perfil alternativo a essa polarização, Jairo Gianoto cresceu na reta final e foi eleito com 36% dos votos, enquanto Silvio Barros chegou em segundo com 23% e Joel Coimbra foi o terceiro colocado, com 21%.
Para medir a qualidade da disputa, cabe constatar que, entre os cinco primeiros colocados, estava o presidente da Câmara Municipal, o vereador Pupulin, estavam os dois próximos prefeitos, José Claudio e Silvio Barros, sem falar que Joel Coimbra seria o Procurador Geral do Estado do governador Jaime Lerner.
A vitória de Jairo Gianoto se explica por uma estratégia bem elaborada e bem realizada.
Primeiramente, para compensar a falta de lastro eleitoral, o candidato atraiu um vice bom de voto, o deputado Marquinhos Alves.
Depois disso, apesar de ter sido integrante do secretariado de Said Ferreira, Jairo Gianoto defendeu a necessidade de uma terceira via. Identificando que o eleitorado estava saturado da acirrada disputa entre Said Ferreira e Ricardo Barros, Gianoto apresentou-se como alternativa ao conflito, elaborando um símbolo fácil de entender: a bandeira branca da paz política.
Por fim, como arremate, ainda tirou um coelho da cartola, apresentando uma proposta com ótimo potencial de arregimentação de votos, o passe do estudante.