Por fim, Jânio Quadros foi lançado por duas legendas pequenas, o Partido Trabalhista Nacional e o Partido Democrata Cristão, mas obteve aliança com a UDN. Cansada de perder eleições presidenciais, a UDN decidiu se aliar a um candidato que dialogasse com o povão e que não fazia parte do campo político formado por Getúlio Vargas.
Jânio Quadros era o maior fenômeno eleitoral que o pais conhecera. Suplente de vereador em 1947 e assumindo o mandato quando os parlamentares do Partido Comunista foram cassados, Jânio Quadros experimentou uma vertiginosa ascensão política. Foi eleito, sucessivamente, deputado estadual por São Paulo em 1950, prefeito de São Paulo em 1952, governador de São Paulo em 1954. Para aguardar a campanha presidencial, ainda foi eleito deputado federal em 1958.
Com uma personalidade magnética e um estilo peculiar de oratória, Jânio Quadros fizera carreira por pequenas legendas partidárias, vestindo o manto do candidato antissistema, o homem providencial que vinha para regenerar e moralizar o sistema político. Em 1960, imprimiu um tom fortemente moralista à disputa presidencial, como pode ser visto em seu jingle de campanha, cujos versos diziam: “varre, varre, vassourinha/ Varre, varre a bandalheira! Que o povo já tá cansado de viver dessa maneira/ Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado/ Jânio Quadros é a certeza de um Brasil moralizado!”
O resultado das urnas foi o seguinte: Jânio Quadros (PTN/PDC/UDN, PR, PL) - 5.636.623 (48,26%); Henrique Lott (PSD/PTB) -3.846.825 (32,94%); Adhemar de Barros (PSP) -2.195.709 (18,79%).
Naquela época, o vice-presidente era eleito em cédula própria, permitindo que o eleitor votasse em um presidente de uma chapa e em um vice de outra. Com isso, João Goulart foi reeleito vice-presidente, obtendo 36%. Desta vez, a UDN não questionou que o candidato mais votado não fizesse mais de 50% dos votos, pois Jânio era seu aliado.
Realizando um governo errático e acumulado conflitos com o vice-presidente, com o congresso nacional e até mesmo com os seus aliados da UDN, Jânio Quadros deixou o país perplexo quando renunciou à presidência em 25 de agosto de 1961. Ele nunca forneceu uma explicação convincente para esse gesto dramático, mas a literatura especializada interpreta que Jânio Quadros, movido pelo sentimento de que era um homem providencial, amado pelo povo, acima dos partidos e das instituições, criou um grande impasse político visando a um retorno triunfal. Ou seja, prevendo que as forças conservadoras iriam vetar a posse de seu vice, o trabalhista João Goulart, Jânio julgava que haveria uma aclamação para que ele permanecesse no cargo. Ele poderia, então, governar com mais força, acima das instituições.
De fato, a posse do vice-presidente João Goulart foi vetada pelos ministros militares, gerando uma gravíssima crise política. A renúncia de Jânio Quadros, porém, foi aceita imediatamente, em razão do isolamento político que vivenciou em seu curto mandato. O país viveu dias de tensão, sob a gestação de um golpe de Estado e na fronteira de uma guerra civil. Falaremos disso em outro encontro.
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