No seio do bloco político e militar que tomou o poder, havia algumas diferenças de ponto de vista sobre o que fazer. O general Artur da Costa e Silva defendia, inicialmente, o adiamento da eleição presidencial e a permanência da Junta Militar na condução do país. Prevaleceu, contudo, a resolução imediata da questão da presidência. Entre os líderes militares e civis do movimento que depôs Goulart foram especulados outros nomes, mas havia a ascendência e a preferência pelo nome do general Humberto de Alencar Castelo Branco. O general Costa e Silva, que também tinha pretensões presidenciais, recolheu-se para se incorporar ao novo governo e aguardar o momento de se apresentar como candidato à sucessão.
Na sequência, em 9 de abril, a Junta Militar decretou um Ato Institucional que, entre outras medidas, estabeleceu que o congresso nacional se reuniria para eleger o próximo presidente da República dois dias após. Essa reunião do Congresso ocorreria, porém, sob o impacto de outras medidas decretadas pelo Ato Institucional, que promoveu a assim chamada “Operação Limpeza”, visando cassar os direitos de líderes políticos e sociais e militares que exercessem ou pudessem exercer oposição ao novo regime.
Em 10 de abril, a junta militar divulgou a primeira lista dos atingidos pelo ATO Institucional, composta de 102 nomes. Foram cassados os mandatos de 41 deputados federais e suspensos os direitos políticos de várias personalidades de destaque na vida nacional, entre as quais o presidente deposto João Goulart, o ex-presidente Jânio Quadros, o governador deposto de Pernambuco Miguel Arrais, o deputado federal Brizola, além de magistrados, oficiais das forças armadas e numerosos líderes sindicais. No dia 11 de abril, 122 oficiais foram transferidos para a reserva.
Ainda em 11 de abril, sob a irradiação do poder punitivo do Ato Institucional, o Congresso Nacional se reuniu para eleger o novo presidente da República. Inscrito como candidato único, o general Castelo Branco obteve 361 votos, registrando-se 72 abstenções e 37 ausências, decorrentes do atraso na substituição dos parlamentares cassados. Em escrutínio próprio, foi eleito um líder civil ao cargo de vice-presidente, o deputado mineiro José Maria Alkmin.
Esclareça-se que, formalmente, a eleição destinava-se a sufragar o nome que cumpriria o restante do mandato iniciado, em 1961, por Jânio Quadros e herdado por João Goulart. Diante da opinião pública, havia o compromisso de que seria um governo destinado a promover medidas saneadoras e que respeitaria o calendário eleitoral vigente, por meio da realização de eleição direta para presidente em 1965, restabelecendo a normalidade institucional ao país. Não foi o que aconteceu. O mandato de Castelo Branco foi prorrogado até 1967 para a institucionalização do novo regime, mediante a decretação de novos Atos Institucionais e outros instrumentos de força. A eleição direta para presidente foi revogada e só voltaria a ocorrer em 1989, um quarto de século depois.
História das Eleições - Episódio 11
A eleição indireta a presidente da República de 1964
Podcast por Redação CBN Maringá em 16/08/2022 - 07:49Consumada a deposição de João Goulart em 2 de abril de 1964, a presidência da República foi assumida interinamente pelo presidente da Câmara Federal, o deputado Ranieri Mazzili, mas se tratava apenas de uma fachada formal. O poder de verdade passou a ser exercido por uma Junta Militar, composta em 2 de abril sob liderança do General Arthur da Costa e Silva.
Quer enviar sugestão, comentário, foto ou vídeo para a CBN Maringá? Faça contato pelo WhatsApp (44) 99877 9550
Notícias Relacionadas
História das Eleições - Episódio 10
Ascensão e queda de João Goulart e o plebiscito sobre o sistema de governo
História das Eleições - Episódio 9
Eleição a governador do Paraná em 1960 - A vitória de Ney Braga
História das Eleições - Episódio 8
História das Eleições - Episódio 7
Eleição a governador do Paraná de 1955 - A volta de Moyses Lupion
Notícias da mesma editoria
Podcast CBN Maringá
Setor de agroecologia e orgânicos da Fazenda da UEM completa 20 anos
Podcast CBN Maringá
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade