A eleição indireta de Haroldo Leon Peres, cuja chapa incluía o engenheiro e professor Pedro Parigot de Souza como vice, foi homologada pela Assembleia Legislativa em outubro de 1970, mediante indicação do presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici. Foi um mandado polêmico e de curta duração, visto que o governador renunciou oito meses depois, envolvido em denúncias de corrupção.
A literatura que se produziu é bastante desfavorável à memória de Leon Peres, a começar pelo questionamento de seus méritos para ser indicado pelo presidente da República. Pesam dois fatores. Primeiro, ao que tudo indica, o nome foi indicado pelo presidente da República sem consulta aos dois principais chefes políticos do Paraná, o senador e ex-governador Ney Braga e o governador Paulo Pimentel. Segundo, a imagem que restou foi fortemente influenciada pelo desfecho de seu curto período como governador. Passadas tantas décadas, esses fatos, sem dúvidas polêmicos, merecem ser escrutinados com mais distanciamento.
Leon Peres veio fazer a aventura pioneira no recém-fundado município de Maringá, na metade da década de 1950. Eleito deputado estadual em 1958, foi reeleito em 1962, sempre pela bancada da UDN. Líder da UDN na Assembleia Legislativa, foi inclemente na oposição ao governador Lupion. Em 1966, eleito deputado federal, tornou-se vice-líder da Arena na Câmara Federal. Em 1968, como vice-líder da Arena, por ocasião da intervenção policial na Universidade de Brasília, usou seus potentes dotes de orador para defender o endurecimento do regime. Em 1969, foi autorizado pelo ministro chefe da Casa Civil a percorrer o Paraná para compor lista tríplice dos nomes que poderiam ter o aval da presidência na sucessão estadual. Em 1970, ele foi indicado pelo general Garrastazu Médici.
Tendo conduzido um mandato com muitos atritos com os principais líderes políticos, com a imprensa, com o Legislativo e até mesmo com o Judiciário, teve seu nome citado em uma rumorosa denúncia de corrupção, vocalizada por um empresário. Foi quando recebeu, diretamente do ministro da Justiça, a advertência de que deveria renunciar. Tentou reagir, mas não teve escolha. Em 23 de novembro de 1971, enviou à Assembleia Legislativa uma mensagem com o seguinte teor: “senhor presidente, por este instrumento, por mim feito e por mim assinado, renuncio ao mandato de governador do Estado do Paraná”.
Leon Peres viria a afirmar que nunca foi julgado e, assim, não pôde se defender. Se houvesse sido eleito pelo voto direto, teria resistido e se defendido. Como fora indicado e perdera a confiança do presidente da República, atendeu à advertência para renunciar.
No mesmo dia da renúncia, tomou posse o vice-governador. Professor e engenheiro de bastante prestígio, experiente em projetos de planejamento e expansão da infraestrutura pública, Pedro Parigot de Souza era um homem doente e faleceu no exercício do cargo de governador, em 11 de julho de 1973. O deputado estadual João Mansur assumiu o governo interinamente, até que a Assembleia Legislativa elegesse o deputado federal Emílio Gomes como governador, para completar o mandato iniciado por Leon Peres.