Os dirigentes do governo federal promoveram a coincidência entre as eleições ao governo estadual e a de prefeitos para tentar municipalizar o debate político e desviar a atenção dos graves problemas nacionais, acentuados pela crise econômica que assolava o país.
As eleições de 1982 foram as primeiras realizadas a partir da reinstituição do sistema pluripartidário, mas também podem ser vistas como as últimas do sistema anterior, pois ainda tiveram uma lógica bipartidária. Com efeito, a disputa foi polarizada pelos dois partidos que sucederam a Arena e o MDB, ou seja, pelo PDS e pelo PMDB.
Para dificultar o caminho da oposição, houve severas restrições à propaganda eleitoral. Na televisão, o candidato poderia apenas divulgar o currículo e exibir um slide com seu rosto. Além disso, foi criada uma regra estranha, o voto vinculado. Sob a penalidade de anular o voto, o eleitor era obrigado a votar, de alto a baixo, em uma mesma legenda. Imaginava-se que isso favoreceria o partido governista e dificultaria a vida da oposição, dispersa em alguns partidos.
Na prática, beneficiou o PMDB. Visto pela população como o maior partido de oposição e o único em condições de derrotar o partido governista, o PMDB foi o beneficiário do assim chamado voto útil.
No Paraná, os cinco partidos legalizados apresentaram candidatos às eleições a governador e a senador. Ao governo, os candidatos eram: José Richa (PMDB), senador e ex-prefeito de Londrina; Saul Raiz (PDS), ex-prefeito de Curitiba; Vilela Guimarães (PTB); Edésio Passos (PT) e Edson Sá (PDT). O vencedor foi José Richa, com 59,26% dos votos, seguido por Saul Raiz, com 39%. Os demais estiveram na margem de 1% ou menos.
Ao senado, os candidatos eram Álvaro Dias (PMDB), Ney Braga (PDS), Afonso Antoniuk (PTB), Manoel Isaias Santana (PT), José Raimundo Leite Neto (PDT). Álvaro Dias foi eleito com 59% dos votos, seguido de Ney Braga, que obteve 39%. Os demais situam-se na faixa de 1% ou menos.
A lógica bipartidária ficou mais evidente nas eleições de deputado federal e estadual. Para a Câmara Federal, o PMDB elegeu 20 parlamentares, enquanto o PDS elegeu 14. Para a Assembleia Legislativa, o PMDB elegeu 34 deputados e o PDS elegeu 24. As demais legendas não elegeram nenhum parlamentar.
O PMDB confirmou sua alinha ascendente, elegendo a maioria das bancadas parlamentares e o senador e o governador do Paraná. Sem dúvida, era um voto na oposição e em sua agenda de redemocratização e de reformas econômicas e sociais.
Houve uma mudança de hegemonia no governo estadual, abrindo uma era de mando político do PMDB. Sofrendo a sua primeira derrota nas urnas, Ney Braga, principal líder político do Paraná nas duas décadas anteriores, não voltou a disputar um cargo eletivo.