Naquele ano, o PMDB não teve candidato próprio ao governo estadual. A estratégia foi compor uma aliança com o ex-governador Álvaro Dias, que se desligara do PMDB após seu mandato como chefe do Executivo paranaense e estava filiado ao PP. Requião se desincompatibilizou do cargo para concorrer a uma vaga ao senado.
A força da aliança entre os dois últimos governadores pode ser medida pelo fato de a coligação ter conquistado as duas cadeiras ao senado colocadas na disputa, mediante a eleição de Requião e de Osmar Dias, secretário de Estado na gestão Requião e irmão de Álvaro Dias.
Por causa do prestígio que tinha como arquiteto e urbanista, Lerner havia sido indicado como prefeito de Curitiba em 1971, no período em que o regime militar havia proibido eleição direta a prefeito das capitais. Lerner havia sido um dos fundadores e presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Bem avaliado como prefeito de ideias criativas na área do planejamento urbano, ampliou o seu prestígio e voltou a ser indicado para mais um mandato como chefe do Executivo curitibano em 1979.
Com a redemocratização, Lerner filou-se ao PDT, a convite de Leonel Brizola. Em 1985, na primeira eleição direta a prefeito de Curitiba após o fim da ditadura, disputou o cargo com Roberto Requião e perdeu. Em 1986, foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Alencar Furtado. Após dois insucessos nas urnas, teve consagradora vitória na eleição a prefeito de 1988, pois entrou na disputa apenas duas semanas antes do dia da eleição, em razão de um imbróglio jurídico a respeito do domicílio eleitoral.
Após mais um mandato elogiado como prefeito da capital, Lerner preparou-se para concorrer ao governo do estado. Para expandir sua influência ao Norte do Paraná, compôs chapa com a deputada estadual Emília Belinati, de tradicional família da política londrinense.
Deflagrado o certame eleitoral de 1994, Álvaro Dias largou na dianteira e era visto como favorito, chegando a ter 13 pontos de vantagem no início da fase decisiva. Lerner, porém, reagiu e ganhou no primeiro turno, obtendo 54,85% dos votos válidos, enquanto Álvaro Dias finalizou com 38,55%.
O terceiro colocado foi o Jorge Samek, vereador de Curitiba, candidato a governador pelo PT. Ele obteve 4,22%, ficando distante dos dois primeiros, Álvaro Dias e Jaime Lerner.
Por um lado, Lerner explorou um litígio entre o ex-governador Álvaro Dias e o magistério estadual, ocorrido na greve de 1988. Ao que tudo indica, Lerner conquistou efetivo apoio e engajamento do magistério.
Por outro lado, em sua propaganda eleitoral, Lerner se deixava filmar desenhando um novo Paraná em uma prancheta, potencializando a imagem de planejador criativo. Sua propaganda concentrava-se na ideia da integração do Paraná, destacando dois eixos. O primeiro era a consolidação do anel de integração rodoviária; o segundo era a descentralização do processo de industrialização, tendo como base as cidades polos do anel de integração.