30 de março de 1968: Carlos Lacerda comanda o último ato da Frente Ampla em Maringá
A semana na História

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30 de março de 1968: Carlos Lacerda comanda o último ato da Frente Ampla em Maringá

A semana na História por Reginaldo Dias em 24/03/2025 - 11:50

Em 30 de março de 1968, Maringá sediou um evento oposicionista de repercussão nacional, um comício da Frente Ampla, liderada por Carlos Lacerda, ex-governador do estado da Guanabara.

Após apoiar a intervenção militar que depôs o presidente Goulart em 1964, Lacerda entrou em rota de colisão com os governos militares, quando ocorreu a supressão da eleição direta para presidente da República, cargo que ele postulava.

Inicialmente, Lacerda tentou organizar um novo partido político, mas viu seus companheiros da extinta legenda da UDN acomodados no jogo político do bipartidarismo instituído pelos militares, incorporados à legenda de sustentação do governo federal, a Arena.

Lacerda articulou, então, uma Frente Ampla de oposição, em aliança com os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, seus antigos adversários políticos, ambos exilados e destituídos de seus direitos políticos pelo governo militar. Para obter apoio popular, a Frente Ampla assumiu um programa de apelo social e estabeleceu agendas temáticas.

Uma das principais atividades da Frente Ampla foi o comício realizado em Maringá, quando o país vivia, conforme o noticiário, “um momento político de grave tensão” com “o movimento estudantil mobilizando uma parcela considerável da opinião pública contra o regime militar”. Poucos dias antes, no Rio de Janeiro, havia sido morto, pelas forças repressivas, o estudante Edson Luís, fato que catalisou as atividades de oposição em todo o Brasil.

O sentido do comício da Frente Ampla em Maringá foi assim explicado por um periódico local: “Reina grande expectativa em torno da fala do Sr. Lacerda em Maringá, não só pela cidade, como também nos meios políticos nacionais. Isto porque Maringá está sendo considerada ‘zona camponesa do Paraná’ e o comício serviria para um teste da Frente Ampla junto aos homens do campo”.

Desta forma, embora o ato público fosse realizado em Maringá, os líderes da Frente Ampla mantiveram uma agenda que se irradiou para contatos com potenciais aliados de toda a região Norte.

Organizado pelo MDB de Maringá, o evento foi realizado na praça Raposo Tavares, uma das mais centrais da cidade, com autorização das forças policiais, que disponibilizaram um esquema de segurança. O delegado de polícia do município elaborou um relatório a respeito, com mapeamento de oradores. Ele anotou que, além de Carlos Lacerda, usaram a palavra os seguintes líderes maringaenses do MDB: vereador Renato Bernardi, deputado estadual Sílvio Barros e o deputado federal Renato Celidônio. O relatório constatou que estudantes portavam cartazes com os seguintes dizeres: “Abaixo a ditadura”, “Anistia”, “Restauração das liberdades democráticas”.

Segundo a cobertura jornalística, o evento teve bastante repercussão. O Jornal de Maringá calcula que mais 8 mil pessoas estiveram no ato, um número expressivo em uma população de 100 mil habitantes. No entanto, por causa da evolução da conjuntura nacional, aquela foi a última atividade pública da Frente Ampla, declarada ilegal pelo Ministro da Justiça no início de abril. Em complemento, Carlos Lacerda teve seus direitos políticos cassados.

Nesta edição, Reginaldo Dias relembra a criação da Carteira de Trabalho em 1932 pelo então presidente Getúlio Vargas.


 

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