No período de seu governo, porém, Lerner se deslocou no plano partidário. Eleito pelo PDT, afastou-se da liderança de Leonel Brizola e se aproximou do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 1997, tentou filiação ao PSDB, mas teve seu ingresso obstruído por Álvaro Dias, que ingressara antes no ninho tucano. Desta forma, Lerner se albergou no PFL, uma das principais legendas a sustentar o governo federal. A vice-governadora Emília Belinati também havia se deslocado do PDT para o PTB, outro partido que sustentava o governo Fernando Henrique.
A aproximação no plano da estrutura partidária também ocorria no estilo de governo, de acordo com estudo de pós-graduação assinado por Cândida Santos Lima, que afirmou: “na sua gestão foram adotadas medidas compatíveis com o que acontecia no plano federal: privatizações, concessões, atração de investimentos estrangeiros”. Isso se refletia, por exemplo, na maneira como se implantou o anel de integração viária, sustentado em uma parceria público-privada, financiada por meio da cobrança de pedágio aos usuários. Outra marca do mandato Lerner foi a atração de empresas do polo automobilístico. As polêmicas sobre o pedágio, um tema que se manteria na agenda política pelas décadas seguintes, foram atenuadas por rebaixamento dos preços na conjuntura eleitoral.
A campanha trouxe ao embate os três principais líderes políticos do estado, Jaime Lerner (PFL), Roberto Requião (PMDB), que duelaram pelo governo, e Álvaro Dias (PSDB), que disputou uma cadeira ao senado.
O quadro de candidatos ao governo foi bem simplificado. O principal oponente à reeleição de Lerner era o senador Roberto Requião, candidato por uma frente que incorporava o PDT e o PT, além de outras legendas. O candidato a vice era o deputado Nelton Friedrich, do PDT, que se destacara na campanha contra a privatização da Copel. O PT apresentou o candidato ao senado, o deputado londrinense Nedson Micheletti. Também concorreram ao governo do Estado Jamil Nakad, do Prona, e Julio de Justus, do PSTU.
Deixando a opinião pública com a suspeita de que houvesse ocorrido um acordo de bastidores, constata-se que a campanha de Lerner ao governo do estado não incorporou um candidato oficial ao senado e que a campanha de Álvaro Dias ao senado não apresentou um candidato oficial ao governo.
Ao senado, a disputa principal ocorreu entre Álvaro Dias e Nedson Micheletti. Álvaro Dias foi o vencedor, obtendo 65% dos votos, enquanto Nedson Micheletti alcançou 25%.
Ao governo, a disputa foi polarizada desde o início, tendente a acabar já no primeiro turno. A exemplo do que ocorrera com os ex-governadores José Richa em 1990 e Álvaro Dias em 1994, Roberto Requião, obtendo 45% dos votos, não teve êxito em sua tentativa de voltar ao Palácio do Iguaçu no certame seguinte ao final de seu mandato. Lerner foi o vencedor já no primeiro turno, obtendo 52% dos votos. Tornou-se o primeiro governador reeleito da história paranaense.