Olá, pessoal, hoje vamos abordar a eleição de 1968, a primeira a ocorrer sob o novo sistema bipartidário.
Em 1968, a legenda da Arena chegou forte para a sucessão do prefeito Luiz de Carvalho.
Acima de tudo, a Arena contava com a fortíssima candidatura do ex-prefeito João Paulino. Dois anos antes, João Paulino havia mostrado a sua força ao se tornar o deputado federal mais bem votado em todo o Paraná.
Parecia que nada poderia deter a volta de João Paulino à prefeitura municipal. Essa era a avaliação dos especialistas quando foi lançada a sua chapa, que tinha o advogado Rodolfo Purpur como vice.
Mas o inegável favoritismo de João Paulino foi contrariado pelas urnas. Ganhou o candidato do MDB, Adriano Valente.
A estratégia vencedora do MDB começou pela atração de Adriano Valente para ser o seu candidato. Como regra, os líderes da antiga União Democrática Nacional (UDN) haviam se integrado à legenda da Arena. O ex-udenista Adriano Valente aceitou o convite do MDB porque, na Arena, ele teria que disputar espaço com João Paulino. O vice na chapa de Adriano foi o vereador e professor Renato Bernardi, muito admirado pela juventude estudantil.
Para o MDB, a candidatura de Adriano Valente trouxe dois robustos dividendos. Primeiro, ele havia sido bem votado na campanha a prefeito de 1964. Segundo, liderados por Haroldo Leon Peres, os arenistas que vieram da UDN preferiram apoiar Adriano Valente a apoiar o candidato da Arena, João Paulino, por causa de antigas rivalidades. Leon Peres e João Paulino eram adversários figadais. Apesar do bipartidarismo imposto, prevaleceram as antigas afinidades e as antigas rivalidades.
O MDB também conseguiu massificar a ideia de que João Paulino era mais importante para Maringá como deputado. Se voltasse a ser prefeito, a cidade perderia representatividade no âmbito federal.
Além disso, uma frase desastrada ofereceu, de bandeja, um lema de grande apelo popular à campanha do MDB. Um apoiador da campanha adversária tentou desprestigiar a campanha emedebista dizendo que, em seus comícios, só havia gente pé de chinelo. Alvejado pela campanha do lambari em 1964, Adriano Valente não hesitou e assumiu o pé de chinelo como símbolo de sua candidatura. Foi a faísca que incendiou a campanha.
A Arena ainda lançou uma segunda chapa, com o empresário Ardinal Ribas concorrendo ao cargo de prefeito e o médico Helenton Borba Cortes ao cargo de vice. Pelas regras do período, isso obrigava o candidato do MDB a fazer mais votos do que a soma das duas candidaturas da Arena. E ele fez isso. Adriano Valente foi eleito com 54% dos votos.
O prefeito Adriano Valente ficou tão grato ao povo humilde que votou nele em massa que pensou, ao inaugurar o parque do Ingá, em fazer um jardim com 19 mil roseiras, uma para cada voto que recebeu.