O futuro envelheceu
CBN Maringá

Opinião

O futuro envelheceu

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 01/10/2024 - 08:00

Quer viver, então, prepare-se para envelhecer.

Todos vamos envelhecer. Se isso não acontecer é porque a vida foi curta. Logo, todos querem vida longa e, pelo menos um terço dela será depois dos sessenta anos. 

O Brasil é um país em que o envelhecimento é nítido, 15,6% da população brasileira tem mais de 60 anos, com mais de 65 são 10,9%. Logo, se as coisas caminharem bem, em 2030, 20% dos brasileiros terão mais de sessenta. 

Não por acaso, o futuro pertence aos mais velhos, se não em absoluto, em parte considerável dele. Tanto que a idade média da população brasileira é de 35 anos. O Brasil não é mais um país de jovens. Exaltar a juventude já foi uma propaganda na década de 1970. 

Se o discurso de que o Brasil era o país do futuro, agora o futuro chegou e ele se vê amadurecido. 

Etarismo é fato.

Porém, as coisas não caminham em paz para quem tem mais idade. O etarismo tem sido uma prática cada vez mais comum. O preconceito em relação às pessoas mais velhas está se tornando um problema. 

Segundo uma pesquisa do Grupo Croma, 86% das pessoas com mais de 60 anos já sofreram algum tipo de preconceito. E, o mais irônico, o preconceito, em sua maior parte, vem de dentro do ambiente familiar. 

Mas, se você tem mais de 50, não está livre do etarismo, segundo dados do UOL, 16,8% dos brasileiros nesta faixa de idade, já sofreram discriminação por causa da idade. 

Por incrível que pareça, na vida profissional as pessoas com mais idade ganham menos, tem menor oportunidade de serem promovidas e sofrem discriminação nas relações de trabalho. 

Muitos consideram que eles não têm capacidade de aprendizado e não são estimulados aos cursos de qualificação. A estagnação profissional é uma das consequências desta discriminação. Uma generalização perigosa, um rótulo, que cobra seu preço. 

As coisas estão mudando.

Porém, e por outro lado, a participação das pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho dobrou nos últimos 5 anos. Hoje, 24% da população economicamente ativa são sexagenários ou mais. Logo, este número tende a crescer e ganhar força. 

Empresas que buscam ações éticas e de responsabilidade social tem programas de contratação e qualificação de pessoas mais velhas. Eles estão dividindo os ambientes de trabalho com os mais jovens. 

A grande questão é, será que os mais velhos e os mais jovens conseguem viver em um mesmo ambiente? 

Se a resposta é “não” para muitos, é bom repensarmos. Teremos que gerar condições de convivência e rever nossa relação com os mais velhos. 

Aquela história de condomínio para idoso, prédios para a terceira idade, viagens para os que tem mais de sessenta deve se tornar coisa do passado. O futuro é a convivência constante. E isso não significa que os jovens vão envelhecer ou os velhos vão rejuvenecer, apenas, as pessoas terão idades diferentes. 

 

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