Heróis ou “santos do pau oco?”

O comentário de Gilson Aguiar

Heróis ou “santos do pau oco?”

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 23/10/2023 - 08:00

Pobre da nação que precisa de heróis

Quem são os heróis de uma nação? Aqueles que idolatramos e consideramos o seu comportamento um exemplo? Ele existe? É real ou foi construído?

Muitos de nossos heróis são uma farsa. São projeções ilusórias de encantamento que se mostram frágeis ao menor questionamento ou olhar mais atento. Ao longo do tempo, para quem se interessa, a inúmeras denúncias da hipocrisia dos falsos santos ou chamados santos do pau oco.

Eles são muitos ao longo da história. Se espalham como pragas. Iludem os mais desavisados e mal-informados. Ganham credibilidade por surgirem como senhores que tudo faram e podem. Se autointitulam diferentes, opostos ao mal e no fundo são sua pior expressão.

Vargas e um bom do mau exemplo

Um exemplo é Getúlio Vargas, considerado um dos heróis pátrios. Porém, há de lembrar, sua entrada na história dos brasileiros se deu pela ascensão antidemocrática. Ele foi um dos líderes da Revolução de 1930, que na prática foi um golpe.

Assumiu a liderança por ser o conservador e tinha sido derrotado legitimamente em uma eleição. Fez da morte de seu vice, João Pessoa, a justificativa da revolta. O paraibano que teria sido assassinado pela ilegalidade das eleições, o que era uma mentira, virou motivo para se pegar em armas e derrubar o governo.

Governo por 15 anos, entre 1930 e 1945 sem um projeto de país, estatizante, autoritário, repressivo, golpista. Terminou derrubado pelas forças que o colocaram no poder, os fardados generais.

Mais tarde Vargas retornaria ao poder com uma pauta trabalhista e com o discurso popular de defesa dos interesses do povo. Se suicidou, deixou uma carta em que se colocava com mártir. Virou santo depois de ser acusado de inúmeros atos de corrupção, inclusive de assassinato.

Não aprendemos, infelizmente

Hoje continuamos criando nossos heróis e mitos. Acreditamos que os perseguidos são injustiçados. Esperamos um redentor. Povo infeliz este.

É preciso pegar as rédeas da vida nas mãos e se organizar onde estamos, lutar pelas nossas causas, aprender a ser participativo e ficarmos atentos aos falsos profetas. Precisamos mais de juízo e coerência nos nossos atos do que esperar de um messias para nos salvar.

Deveríamos investir o nosso tempo em conhecer realmente aqueles que desejam liderar e entender seus verdadeiros interesses. Evitar nos tornamos uma peça ou joguete nas mãos do falsos íntegros e verdadeiros abutres.

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