Comentário
Gilson Aguiar comenta a falta de qualificação dos jovens brasileiros
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 13/03/2018 - 08:29O futuro é algo a se temer. Ao observarmos os números de jovens qualificados no Brasil e que estão aptos a ingressarem no mercado de trabalho há com o que se preocupar. Hoje, segundo o Banco Mundial, um em cada dois jovens brasileiros não é capaz de aproveitar as oportunidades do mercado de trabalho, não estão qualificados.
Não podemos esquecer que são os jovens que mais sofrem com o desemprego. São 30% deles nesta condição, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A baixa qualificação fragiliza o futuro da mão de obra e afasta investimentos. O preço de qualificar fica cada vez mais caro conforme a idade avança.
Entre os jovens mais pobres a condição de qualificação é ainda pior. O ambiente econômico, social e escolar, por consequência, acaba por estimular o abandono da educação. Vale lembrar, pela pesquisa do Banco Mundial, que um ano a mais na escola, no Brasil, não faz efeito na renda, praticamente.
A persistência de baixa renda na escola também é baixa no Brasil. Apenas 2,1% dos que pertencem aos 25% mais pobres permanecem estudando e com bom desempenho escolar. Os dados são do Pisa em análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isto porque a análise é feita com alunos que tiveram um desempenho mínimo satisfatório em Matemática e Português.
A renda para a metade dos jovens será menor que a dos seus pais. A maioria dos jovens que tem hoje menos de 25 anos não vai conseguir repetir a renda de suas famílias quando chegarem a fase adulta. Não por acaso muitos não querem sair de casa. A permanência dos jovens no lar é menos sentimento e mais o bolso vazio.
Aquilo que muitos defendem como um sinal de amor, deixar o filho jovem em casa enquanto ainda faz a vida, na prática é a expressão do insucesso de quem quer a independência e não consegue sustentá-la. A construção da maturidade vem da experiência de administrar a própria vida, financeiramente também. O que muitos que denominamos de “futuro” não vão experimentar. Por isso, temos que temer o amanhã.
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